quarta-feira, 14 de abril de 2010

Segundo encontro - AS LINGUAGENS

Material que foi apresentado por Anibal Pacha para ser discutido.

O clown é a exposição do ridículo e das fraquezas de cada um. Logo, ele é um tipo pessoal e único... O clown não representa, ele é – o que faz lembrar os bobos e bufões da Idade Média. Não se trata de um personagem, ou seja, uma entidade externa a nós, mas da ampliação e dilatação dos aspectos ingênuos, puros e humanos (como no clods), portanto ‘estúpidos’, do nosso próprio ser (Burnier, 2001, p. 209).

A força do boneco está em seus próprios limites, na sua incapacidade de poder fazer qualquer coisa que não seja estritamente aquilo para o qual foi feito. E, paralelamente, a fraqueza do ator reside exatamente nas suas enormes possibilidades, pois podendo fazer mil personagens diferentes, ele não é nunca nenhum deles (Massimo Schuster, “Lettre ao théâtre”, Marionnettes, nº 12, p.19).

Caroline Holanda, na sua dissertação, com reflexões sobre o trabalho do ator-animador, categoriza algumas maneiras da presença do ator com o objeto:
O ator-animador como não-presença:
Está no palco como um corpo que não apresenta personagem e possibilita o movimento do objeto.
O ator-animador como co-presença:
Nessa condição o ator-animador apresenta a mesma personagem no objeto e em seu corpo.
Variações:
co-presença por complemento – alguns signos dessa personagem são emitidos pelo animador que complementa outros signos emitidos pelo objeto
co-presença por alternância – se coloca em determinados momentos da encenação como a personagem, alternando, a apresentação da mesma personagem, horas em seu corpo, horas no objeto.
O ator-animador como animador:
O ator-animador assume no espetáculo sua própria condição de animador do objeto.
O ator-animador como contraparte:
O ator-animador interpreta uma personagem em seu corpo ao passo que interpreta também outra personagem no objeto.

Retirado do trabalho de Paulo Ricardo Nascimento, na sua bolsa de pesquisa artística do Instituto de Arte do Pará ano 2009 (TEATRO COM BONECOS - como atuam os atuadores do grupo In Bust Teatro com Bonecos e outras possibilidades).

FOCO E MERIDIANOS
O espectador será conduzido, se estiver disposto, pelo foco do atuador. Como um reforço à neutralidade do ator-manipulador, o foco conduz às importâncias da cena. Ainda que neutro, o atuador precisa indicar a importância da cena, no geral, com o olhar. Mas o foco, assim como manipular é resultado de uma postura corporal adequada, poderá ser conduzido por um posicionamento físico que o indique. Ator e boneco podem direcionar esse foco. Dependendo da cena apresentada, todos os personagens que a compõem devem focalizar, conduzindo o olhar do espectador.

MERIDIANOS DE ATUAÇÃO
São linhas imaginárias, como na geografia, traçadas no palco paralelas ao fundo, cruzando de uma lateral a outra. Há sempre a linha do ator-manipulador e a linha do boneco, a primeira atrás da segunda. Mas o que vai se configurando é que quanto mais perto do público, mais importante pra cena. O que está atrás, ou está fora de cena, ou apenas é menos importante. Isso também contribui para indicar o que deve ser visto na cena.

Material que foi apresentado por Marcelo Vilela.
(publicaremos depois)

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